Uma área, vários processos: práticas transversais

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É comum que, dentro de cada área da Psicologia, existam vários processos de trabalho ocorrendo simultaneamente, de forma transversal.

Vamos ver alguns exemplos práticos?

A psicóloga e consultora da 2ª Mostra, Rosana Dório, atua na área de emergências e desastres e cita alguns processos que estão dentro de seu trabalho:

Processo de Mobilização social –"Só o fato do evento se classificar como desastre já vai gerar mobilização, que vai trazer consequências negativas e de aprendizado. É a mobilização do impacto e pela solidariedade e capacidade de resposta".

Planejamento e gestão pública – "Os desastres envolvem a defesa civil, os bombeiros, a defesa militar. E surge a necessidade de gestão pública para destinar verbas para essas instituições terem recursos para atender os desastres. “É uma gestão pública pois assim que acontece o desastre tem que ter resposta – que é durante – e a recuperação, que é depois”.

Grupal - Os profissionais que se envolvem na resposta ao acidente precisam estar alinhados, sabedores de quais são os seus papeis e agindo em função da ética e do cuidado. Junto com o processo grupal entra o processo organizativo.

Educativos – As emergências envolvem a formação dos profissionais, médicos, socorristas, psicólogos, bombeiros, policiais, voluntários da sociedade. Todos precisam ser treinados para a prevenção das consequências dos desastres. É uma educação preventiva.

Acolhimento – É você saber que não vai ser fácil, que aquelas pessoas que perderam tudo vão passar por todos os processos de luto, de agressão, que vão sentir tudo o que se sente nas perdas. Junto vem o processo de Acompanhamento, que é não abandonar nas horas difíceis, até finalizar o processo.

Avaliação - Deve ser contínua, para ver a forma como foi o desastre e como o processo pode ser melhorado nas próximas vezes.

A psicóloga Márcia Badaró, também psicóloga consultora da 2 Mostra, trabalha com a Psicologia jurídica e acredita que pela primeira vez está sendo feito um modo de organização diferente em relação aos processos de trabalho. “Nunca vi isto ser colocado deste modo. E como uma primeira vez, talvez seja mais difícil dos psicólogos assimilarem, mas a partir da Mostra esse tipo de linguagem pode virar comum”, acredita Márcia.

Dentro de seu foco de atuação - o sistema prisional - a consultora cita alguns processos envolvidos:

Acolhimento: "Estão a sala de espera, a porta de entrada , a porta de saída";

Acompanhamento: "as medidas de segurança, a desinternação, o acompanhamento dos pacientes com o judiciário;"

Avaliação: "os exames criminológicos";

Culturais: "temos alguns projetos desenvolvidos no sistema prisional com a população a carcerária, como as oficinas de leitura";

Educativos: "neste caso não é educação no sentido acadêmico, mas da pessoa enquanto cidadã";

Formativos: "estão nas propostas de capacitação dos profissionais para o sistema prisional";

Mobilização social: "na criação dos fóruns permanentes de saúde no sistema penitenciário, de articulação com todas as pessoas que têm interesse na militância pelos direitos humanos".

O trabalho com Economia Solidária dentro da Psicologia também envolve um verdadeiro cruzamento de processos. A psicóloga e consultora da 2ª Mostra, Ana Lúcia Cortegoso, que trabalha com o tema, conta que dos cerca de 25 trabalhos inscritos na Mostra sobre Economia Solidária preponderaram a escolha pelos processos de trabalho organizativos. “De um modo geral, no âmbito da economia solidária, os psicólogos estão em grupos multidisciplinares que trabalham para organizar a população e criar empreendimentos solidários. Participam como membros das equipes no sentido de criar condições para a população se organizar primordialmente”, explica Ana Lúcia.

Saiba como surgiu a ideia para os Processos de Trabalho na 2ª Mostra.

E não perca a terceira matéria da série: Que processo de trabalho caracteriza sua prática?

A reprodução das notícias é autorizada desde que seja citada a fonte: Conselho Federal de Psicologia.

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