Segunda edição do Prêmio Paulo Freire enfatiza o bem comum
Premiação homenageia personalidades, de profissões diversas, que dedicam suas vidas em prol dos direitos humanos.
Literatura, música, arte, educação, movimento social, poder público. Categorias distintas, mas que possuem vidas pautadas pelo desejo de promover a democracia, o combate à desigualdade social no Brasil e a construção do bem comum. Para homenagear algumas dessas pessoas, foi lançado o prêmio Paulo Freire, que leva o nome do maior educador do Brasil até hoje, que dedicou existência à causa.
Doze anos após sua primeira edição, o prêmio será entregue durante a 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia, nos dias 20 e 21 de setembro, a partir das 18h30 horas, no auditório do Anhembi, em São Paulo. As personalidades selecionadas atuam em áreas distintas da Psicologia, mas com propósitos alinhados à percepção atual da importância e da abrangência do trabalho dos psicólogos (as).
Para Humberto Verona, presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), o prêmio se adequa ao tema proposto pelo evento e consagra nomes brasileiros e internacionais. “No primeiro ano, o tema foi Psicologia e Compromisso Social. Elegemos pessoas que
representavam o tema e podiam ser referências para os psicólogos atuarem nessa direção. Agora, em 2012, escolhemos o Compromisso com a Construção do Bem Comum. Serão homenageadas 14 pessoas que podem ser referência para os psicólogos (as) brasileiros como pessoas comprometidas com a causa”, explica.
Verona cita o Prêmio Paulo Freire como uma forma de apresentar aos psicólogos (as) a importância do compromisso social. “Acho muito importante, muito significativo, pois é uma disposição da Psicologia não só desenvolver o projeto do compromisso social e do bem comum internamente, mas também se aliar a outros profissionais que atuam de sua forma, de sua maneira, mas trabalhando na mesma direção”, avalia.
Conheça os homenageados
Mia Couto - Além de considerado um dos autores mais importantes de seu país, é a personalidade mais traduzida de Moçambique. É, também, consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) e tem contribuído com a visibilidade mundial do povo africano.
Valdelice Veron - Indígena, professora e filha de uma das tantas lideranças assassinadas no Mato Grosso do Sul. Possui uma trajetória de vida composta por lutas incansáveis no combate à violência praticada contra os povos indígenas, sobretudo os da etnia Guarani-Kaiwoá.
Paulo Vannuchi - Jornalista e mestre em ciência política. Foi o principal responsável pelo Plano Nacional de Direitos Humanos. Ocupou o cargo de Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República de dezembro de 2005 a dezembro de 2010.
Rigoberta Menchú - Indígena do grupo Quiché-Maia, é ativista dos direitos humanos da Guatemala. Ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1992, pela campanha em prol dos direitos humanos, especialmente a favor dos povos indígenas. É Embaixadora da Boa-Vontade da UNESCO e vencedora do Prêmio Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional.
Ariano Suassuna - Advogado, professor, teatrólogo e romancista. Desde 1990 ocupa a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras. Começou a escrever em 1943 e suas obras literárias são voltadas para a recuperação das raízes históricas do Nordeste. Está concorrendo ao Prêmio Nobel de Literatura deste ano.
Dona Dijé - Descendente de escravos, a quebradeira de coco do Maranhão é um exemplo de como a participação e a organização comunitária faz diferença na conquista pelos direitos do cidadão. É uma das fundadoras do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, que integra quatro estados brasileiros: Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí.
Mino Carta - Jornalista, escritor e pintor. Fundou o Jornal da Tarde e o Jornal da República, além das revistas Istoé, Veja, Quatro Rodas e Carta Capital, onde, hoje, é editor. Reconhecido pelo respeito à verdade factual, espírito crítico e fiscalização do poder onde este se manifeste.
Manoel de Barros - Advogado, fazendeiro e poeta. Foi laureado várias vezes, duas delas com o Prêmio Jabuti, o mais importante prêmio literário do Brasil. Representa a literatura brasileira e retrata muito bem as riquezas do País.
Kenarik Boujikian - Desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo. Participa do Grupo de Estudos e Trabalho Mulheres Encarceradas, que luta para incluir a questão de gênero nas discussões sobre o sistema penitenciário.
Dom Pedro Casaldáliga - Foi nomeado bispo da prelazia amazônica de São Félix do Araguaia em 1971. A partir de então defende os indígenas da região. É fundador da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário.
Marcelo Paixão - Professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, luta há anos contra questões de desigualdade racial - da educação, ao mundo dos negócios. Além das aulas e pesquisas, participa de ONGs e entidades que atuam na área.
Janaína Oliveira - Conhecida como Re.Fem, que significa Revolta Feminina, a rapper feminista também é cineasta e ativista dos movimentos de mulheres e de juventude negra. Trabalha em comunidade para lutar na violência contra a mulher e acredita na igualdade dos direitos femininos no Brasil e no mundo.
Letícia Sabatella - A atriz brasileira também ficou conhecida nacionalmente por sua intensa atuação política na defesa dos direitos humanos. Além disso, participa de uma série de entidades e é presença constante em fóruns, onde atua em defesa da cidadania.
Carlos Ayres Britto - Sócio fundador do Instituto de Defesa das Instituições Democráticas (IDID), da Associação Brasileira de Constitucionalistas Democratas (ABCD), entre outras iniciativas envolvendo Direito e Constituição. É o atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).