Cultura para além da 2ª Mostra
Circular pelos espaços da Mostra entre os dias 20 e 22 de setembro, no Anhembi, em São Paulo, significou mais do que se poderia esperar, para os cerca de 30 mil visitantes que estiveram presentes nos três dias. A cada visita, o encontro com diferentes culturas e nacionalidades, diferentes sons e cores. Recitais de poesias, apresentações de bandas em cima e fora dos palcos, além de shows no auditório principal, finalizados em grande estilo com a apresentação emocionante da Orquestra Juvenil da Bahia (Neojibá). Aos que não puderam comparecer, fica a chance de conhecer, em outras ocasiões, estas atrações culturais que encantaram públicos variados com suas características únicas.
No palco situado no Pavilhão Norte do Anhembi, os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) marcaram presença com apresentações musicais e teatrais. Foi o caso do forró do músico sergipano Sergival, que transformou a 2ª Mostra em um São João fora de época no segundo dia do evento, com interpretações de músicas do rei do baião, Luiz Gonzaga.
Do alto dos seus 25 anos de carreira, o músico Sergival se mostrou admirado com o evento e com a recepção do público. "Achei a Mostra fantástica porque cada profissional pôde trazer iniciativas que estão sendo realizadas em todos os cantos do País. Isso deixa clara a diversidade e a cultura do Brasil".
Em apresentação mais contida, mas não menos impactante, o Grupo Teatro Imaginário Maracangalha, de Mato Grosso do Sul, encenou um cortejo fúnebre que percorreu o Pavilhão Norte e atraiu participantes no caminho, que se juntaram à marcha para manifestar, em silêncio, em prol dos direitos dos povos indígenas.
O grupo teatral faz parte da Companhia de Teatro de Rua, que propõe uma interação mais direta com o público em suas intervenções cênicas, neste caso sobre o extermínio dos povos indígenas, especialmente os Guarani-Kaiowá.
"Com certeza o cortejo chamou a atenção, e o público compreendeu e percebeu, mesmo sendo uma manifestação em silêncio, sobre o que estávamos falando. Nossa intenção é usar o apoio teatral para sensibilizar a sociedade para a realidade indígena", explicou um dos integrantes do grupo, Fernando Cruz.
O palco dos CRPs, segundo o conselheiro Aluízio Brito, responsável pelas atividades regionais, representou a diversidade da Psicologia e do Brasil através da cultura. "Tivemos um pouco do retrato desta diversidade transmitida pelo talento dos psicólogos (as) que são também artistas, já que 90% dos que se apresentaram eram profissionais da área e mostraram que não era não era só arte pela arte, mas engajamento, integração e o compromisso de fazer um trabalho voltado para o desenvolvimento humano".
A receptividade do público foi muito positiva e recebeu os diferentes grupos com muito entusiasmo e envolvimento, segundo Aluízio. "Tinha gente de todas as idades, inclusive entre os que se apresentaram, como foi o caso do espetáculo teatral do Grupo Senhoras do Cerrado, de Goiânia (GO) , em que a artista mais nova tinha 80 anos".
Nos corredores
E não só nos palcos a cultura se fez presente. Os espaços externos da Mostra foram ocupados por profissionais e estudantes de Psicologia com talentos artísticos.
O responsável pelas atividades de corredor, o conselheiro do CRP-11 (Ceará), Theófilo Gravinis, conta que um carro de som passeava pela Mostra com um cardápio de poesias, dramatizadas por ele e por quem desejasse. "Trabalhamos a poesia-improviso, em cima do nome das pessoas, por exemplo. Teve uma jovem da Paraíba que adorava Fernando Pessoa e falou na hora. Foram momentos de reflexão, diálogos e encontros que muitas vezes não eram possíveis nos outros espaços do evento", constatou Theófilo.