Entrevista: Sérgio Leite

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Sérgio Leite, da Comissão de Programação, fala sobre diversidade dos projetos e das expectativas para realização do evento

O psicólogo e professor Sérgio Leite, membro da Comissão de Programação da 2ª Mostra, concedeu, nesta semana, uma entrevista à equipe do portal para falar sobre suas impressões em relação à 2ª Mostra. Na conversa, Sérgio Leite destacou a importância do evento no processo de autorreconhecimento da atuação dos psicólogos no Brasil e na comemoração dos 50 anos da profissão no Brasil:

O que mudou depois desse processo de reconhecimento? Como 2ª Mostra Nacional pode ressaltar esse processo e as mudanças que ocorreram a partir dele?
Sem dúvida, estamos vivendo um marco histórico na Psicologia Brasileira. Pessoalmente, sinto-me privilegiado nesse processo, pois, como um psicólogo considerado da “velha guarda”, cujo número do CRP tem só três dígitos, pude testemunhar o imenso progresso com que os psicólogos souberam desenvolver as suas práticas sociais de trabalho, de forma competente e comprometida. No meu caso, fui duplamente privilegiado, porque não só testemunhei, mas participei ativamente no processo de planejamento das duas grandes Mostras Nacionais: a de 2000, como conselheiro do CFP, e esta, como membro da Comissão de Programação. E é evidente o salto qualitativo que esta categoria soube dar aos rumos da sua profissão. Na minha humilde opinião, entendo que as entidades de classes, com destaque para o Sistema Conselhos e os Sindicatos, tiveram um papel histórico fundamental nesse processo de constituição dos psicólogos brasileiro como trabalhadores, atuando na perspectiva do compromisso social.

Que tipos de ganhos a Mostra pode trazer aos profissionais brasileiros?
Penso que os maiores ganhos relacionam-se exatamente ao conhecimento das práticas profissionais desenvolvidas pelos outros colegas psicólogos e a possibilidade de ampliar suas formas de organização. Mas há um detalhe fundamental: não se fala de qualquer prática, mas daquelas práticas que, indiscutivelmente, relacionam-se e representam o fortalecimento do compromisso com a construção do bem comum. Assim, esta Mostra dá continuidade e diversifica a grade temática da 1ª Mostra – Psicologia e o Compromisso Social –, que se tornou histórica para a categoria. Esta foi, sem dúvida, a grande virada que demos em 2000, amplamente acolhida pela categoria em nosso País.

Para você, qual a importância da 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia?
A realização da 2ª Mostra Nacional tem grande importância para a Psicologia no Brasil, enquanto ciência e profissão. A exemplo da 1ª Mostra, realizada em 2000, trata-se de um espaço e de um momento em que a categoria pode se encontrar, ampliar o conhecimento que tem de si mesma e, o mais importante, dialogar sobre as práticas que vem desenvolvendo, principalmente na perspectiva da construção de um País mais justo. É visível o fato de que a estrutura desta Mostra é muito mais complexa do que a da anterior, refletindo os inevitáveis avanços que ocorreram na atuação profissional dos psicólogos brasileiros. Além disso, o planejamento da 2ª Mostra procura possibilitar o exercício do diálogo entre profissionais que atuam nas diversas áreas, criando condições para que os mesmos se articulem por meio da troca de experiências.

Na Mostra, serão apresentadas 19 áreas e 14 processos de trabalho. Quais desses, em sua opinião, têm ganhado destaque no mercado?
As áreas tradicionais de Saúde, Educação, Trabalho e Formação ainda deverão dominar na 2ª Mostra. Mas áreas como Questões Étnicas, de Gênero, da Terra, Mundo Jurídico deverão ser alvo de atenção da categoria pelo tipo de objeto com o qual os profissionais lidam. Certamente, há outras áreas que também serão observadas. A questão, portanto, não se coloca em termos quantitativos, mas na sua dimensão qualitativa: busca-se conhecer o tipo de trabalho desenvolvido pelos profissionais.

Das práticas que serão apresentadas na 2ª Mostra, quais podem ser consideradas inovadoras para a Psicologia brasileira?
Em todas as áreas, têm surgido relatos que são inovadores. Mas, certamente, algumas áreas têm sido consideradas mais recentes na agenda de trabalho dos profissionais, como os casos de Cultura, Habitação e Mundo Digital. Assim, é natural que haja um maior interesse por conhecer o que é realizado nessas áreas, pelos profissionais que participarem da Mostra.

Quais áreas e processos são de grande importância para a sociedade, mas que ainda não têm espaço ou destaque no mercado?
Pessoalmente, pretendo conhecer melhor o trabalho de nossos colegas em áreas como Mobilidade Urbana, Comunicação Social e Cultura. Penso que são áreas em crescimento e, certamente, um dos objetivos da Mostra é facilitar essa aproximação entre os profissionais que ali atuam. Mas com relação aos processos, alguns deles são relevantes mesmo para as áreas tradicionais. Por exemplo, na Educação, onde atuo, quero conhecer os trabalhos que aprofundaram os processos educativos, formativos, organizativos e de gestão pública. Essa organização dos trabalhos em processos permitirá, aos profissionais que participarem da Mostra, direcionar sua atenção para as especificidades dos trabalhos que pretendem conhecer.

E dos trabalhos inscritos, quais destacaria?
Não destaco um único trabalho. Tenho observado que, em todas as áreas, têm sido apresentados importantes relatos de experiências. Mas, como profissional que atua nessa interface, tenho um interesse especial pelos os trabalhos da área da Educação.

Sérgio Leite é doutor pela Universidade de São Paulo e, atualmente, é professor titular da Universidade Estadual de Campinas. A 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia ocorrerá em setembro deste ano e permitirá a apresentação das diferentes práticas profissionais, além de incentivar a troca de experiências das diversas áreas da Psicologia no Brasil. O evento é o ápice das comemorações dos 50 anos do reconhecimento da Psicologia como profissão no Brasil. A 2ª Mostra será no Anhembi, em São Paulo.
A reprodução das notícias é autorizada desde que seja citada a fonte: Conselho Federal de Psicologia.

2 Comments

  1. Julio Luz says:

    Partilho do interesse pela área da educação. É bom participar dessa renovação e compromisso com a sociedade em que vivemos. As escolas podem transformar suas realidades com a colaboração da psicologia. Principalmente onde os desafios são maiores, saindo da "cultura do problema" para uma postura mais propositiva e positiva. Um abraço e parabéns pela atitude de abertura na entrevista.

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  2. Severiano says:

    Adaptações são as características herdáveis que se desenvolvem com um padrão consistente

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